Mais é, geralmente, melhor.
A maioria dos hospitais universitários são hospitais com grande número de doentes, sendo difícil discernir os efeitos devidos à quantidade de gestos clínicos dos efeitos devidos à coexistência com os componentes académicos. Um grande número de gestos clínicos (ao nível de um hospital ou de um médico individual) é a principal característica que afecta os resultados e a literatura que cobre este tópico é extensa.

Esta evidência teve início com a relação entre volume e resultados na cirurgia (e é só preciso pensarmos nas cirurgias de revascularização carotídea ou pancreatectomias totais em que as recomendações afirmam explicitamente que os doentes só podem ser operados em centros e por médicos com um determinado volume/ano) e agora estende-se até aos problemas médicos, incluindo oncologia.

Em praticamente todas as áreas estudadas, mais é melhor. Os hospitais que realizam mais frequentemente um determinado procedimento têm melhores resultados, especialmente se o procedimento está relacionado com altas taxas de mortalidade. Os mesmos indícios são claros para o enfarte agudo do miocárdio e o trauma, por exemplo. Relativamente a diferenças entre subespecialista/não-especialista, os resultados são inconsistentes.

Na ausência de informação de resultados (outcomes) ou de procedimentos, a informação sobre o volume é provavelmente um indicador que poderá ser dotado de alguma utilidade.

Pedro von Hafe
Comments:
Este é um dos maiores problemas da organização do SNS, a falta de especialização dos hospitais.
Um país pequeno como portugal tem 5 centros de transplantação hepática, 4 centros de transplantação de medula ossea... é umpossível ter "massa crítica" e "know-how" suficientemente especializado sem criar um desperdicio de recursos.
Vmos por essa europa e vemos hospitais espeicalidados em saúde matermo-infantil, em cardio-pneumologia, patologia/traumatismo do SNC, em patologia osteo-articular etc, aqui temos vários hospitais especializados em tudo com serviços com 2/3 médicos dessa especialidade incapazes de assegurar a urgência dessa especialidade nesse hospital.
Daí a estratégia do Min. da Saúde estar errada que prevê mais centralização sem especialização... por exemplo seria muito mais lógico ter extinguido a maternidade/pediatria dos hospital de Braga centralizando tudo no Hospital de Barcelos transformando-o num hospital materno-infantil e transferindo os restantes serviços para Braga (não entendo o que podem fazer por ex. 3 ortopedistas no hospital de Barcelos por muita competência e boa-vontade que tenham, esses 3 com certeza teriam outra capacidade interventiva e de sub-especialização integrados no S. Ortopedia de S. Marcos).
Necessitamos de Serviços hospitalares com recuros humanos suficientes para que o nº de intervenções permita a aquisição de know-how suficiente de forma a dar os melhores cuidados médicos à população.
 
Isso implicaria ainda mais deslocalizações e concentrações...
Já viu a confusão que não ia ser?
 
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